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Manifesto pela erradicação da violência contra a mulher, que as vozes femininas sejam ouvidas e respeitadas

Estamos no final da segunda década do século 21 e ainda há uma mácula indelével na sociedade patriarcal em que vivemos: a violência contra a mulher. Sofrida pelo domínio da irracionalidade, de inferiorizar a condição de ser mulher e subjugá-la a padrões estabelecidos que ignoram a preservação de sua saúde física e mental, e ainda prejudicam a moral, a convivência social e a oportunidade de seu desenvolvimento intelectual e financeiro.

Nós, do Grupo Mulheres do Brasil, queremos uma sociedade justa e igualitária, somos um grupo feminista e suprapartidário composto por mais de 25 mil mulheres no Brasil e no mundo, lutamos para que seja erradicado qualquer tipo de violência contra a mulher, independente de sua classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião.

É urgente sair do conformismo e da ignorância. Maria da Penha é a voz que nutriu o avanço com marcas permanentes no seu corpo. Outras vozes são silenciadas para a eternidade: vítimas do feminicídio ou do suicídio daquelas que não encontraram apoio e nem condição para mudar os abusos sofridos.

A vítima está fragilizada, e muitas ignoram que vivem em condição de violência, com sua moral questionada, o emocional manipulado e seu psicológico usurpado por palavras ofensivas e degradantes, tendo seu patrimônio dilapidado e seu corpo subjugado, reduzida a sofrer em silêncio no espaço tolerado pela impunidade.

Vozes precisam ser ouvidas e respeitadas em um maior número de Delegacias da Mulher e em espaços de apoio emocional, psicológico e estímulo financeiro. Que exista uma justiça mais conhecedora dos aspectos que envolvem a violência de gênero e leis que erradiquem os abusos cometidos contra a mulher. Que haja núcleos de combate à violência nos equipamentos de saúde para identificar, orientar e encaminhar as vítimas e denunciar o agressor. Precisamos de diálogo dentro das empresas para coibir os assédios morais e sexuais, com ampla divulgação dos amparos legais da Lei Maria da Penha.

A violência está presente em toda classe social e em qualquer nível cultural, por isso nenhuma voz deve ser silenciada. É preciso acelerar a mudança e abalar essa estrutura corrompida da desigualdade para vivenciar a pedra angular do respeito e da justiça.

Hoje, este manifesto planta a crença na força da união, de mulheres e homens, e no caminho da igualdade, onde todas as vozes são ouvidas, amparadas e respeitadas, e assim surgir o alvorecer da humanidade do século 21.

Fortaleza, 07 de agosto de 2019 – Grupo Mulheres do Brasil Núcleo Fortaleza. Disponível em: <https://www.grupomulheresdobrasil.org.br/manifesto-pela-erradicacao-da-violencia-contra-a-mulher/>. Acesso em: 19 ago. 2021.