Numa tribo indígena, destacava-se entre os melhores guerreiros Iara, a filha do cacique. Ágil, esperta, forte e implacável com o arco e flecha, ela possuía mil habilidades que orgulhava seu pai e causava inveja nos demais guerreiros, especialmente em seus dois irmãos mais velhos.
Certa tarde, ela estava nadando no rio, desfrutando do frescor das águas e a companhia dos peixes de que tanto gostava, quando ouviu sussurros na margem. Desconfiada, aproximou-se de modo imperceptível e avistou dois dos guerreiros da tribo. Eles falavam sobre ela, deixando transparecer na conversa a inveja que sentiam, sem perceber que estavam sendo ouvidos. Triste, mas cuidadosa, ela passou a andar desconfiada.
Numa noite de Lua nova, Iara estava dormindo em sua oca, quando foi encurralada por dois índios que tentaram matá-la. No esforço de se proteger, Iara lutou contra os índios, e ambos caíram sem vida. O barulho do confronto acordou toda a tribo; o cacique correu até o local, deparou-se com os índios caídos e Iara com sangue nas mãos. Ao observar mais de perto a cena, surpreendeu-se ao ver que eram seus dois filhos mais velhos, irmãos de Iara.
Desesperada com o ocorrido, Iara fugiu da aldeia, mas foi perseguida pelos guerreiros, que queriam vingança. Ao ser capturada, o cacique ordenou que ela fosse jogada no encontro dos rios Negro e Solimões, de modo que morresse em suas águas.
Ao ter seu destino selado, contudo, Iara foi salva pelos peixes, seus eternos companheiros, que carregaram seu corpo para um local mágico e a transformaram em uma linda sereia.
Diz a lenda que Iara desliza sob as águas daqueles rios cantando uma melodia hipnotizante, à qual os homens não conseguem resistir. Pescadores, índios, navegantes, todos evitam aquelas águas, pois sabem que o canto da sereia os atrairá para as profundezas do rio e os fará se afogar.
Autoria desconhecida.