Por que existe resistência em relação à arte contemporânea?
Mirian: Porque ela é mais difícil de ser entendida, perturba, provoca e incita o espectador.
Mas essa sempre foi a intenção dos precursores das novas ideias, não?
Mirian: Com certeza! Todos os movimentos de vanguarda são contrários às normas estabelecidas. O impressionismo se opôs ao academicismo. Na época, não era considerado arte, mas borrões jogados na tela. A sociedade ria e desprezava quem aderia ao movimento. Acho que se dá algo semelhante com os artistas contemporâneos. Hoje, temos rupturas mais abruptas. Não podemos ficar parados no tempo e ter como referência a produção de cem anos atrás. Para entender uma obra contemporânea é preciso conhecer as pesquisas e as idéias que surgiram nas últimas décadas. […]
Qual é, na sua opinião, o papel da arte no mundo de hoje?
Mirian: Ela sempre teve um sentido transformador, desde a pré-história. O homem busca algo a mais. Se vivemos num mundo complexo, a arte não pode ser diferente, pois dá um sentido à vida. Ela captura os dramas humanos e sociais, expressa-os numa obra e os devolve para essa mesma sociedade, que muitas vezes não aceita essa interpretação.
Qual é a principal tendência da arte contemporânea?
Mirian: Existe hoje, na arte em geral, uma tendência intimista, de volta às memórias. O dramaturgo alemão Bertolt Brecht dizia que para falar do universal é preciso tratar da aldeia. Esse caráter autobiográfico aparece nas artes plásticas de maneira forte, com visões políticas, sensuais e étnicas. […]
BENCINI, Roberta. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/856/a-arte-explica-a-vida>. Acesso em: 19 ago. 2021. [Fragmento]