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Romeu e Julieta

Naquela noite, Romeu não conseguia pegar no sono. Guiado pelo profundo amor que já sentia por Julieta, entrou escondido no jardim dos Capuleto e, morrendo de saudade, ficou olhando para a janela de Julieta. De repente, a porta da varanda se abriu e ela surgiu. Sem perceber a presença dele no jardim, Julieta disse, suspirando, para a lua:

— Oh! Por que Romeu é um Montecchio? Mas que diferença faz? Montecchio ou Capuleto são apenas nomes. Só o seu nome é meu inimigo! A você, meu amor, ofereço o meu coração!

Então Romeu saiu das sombras dos arbustos e, iluminado pela intensa luz do luar, disse a ela:

— Eu tomo a sua palavra, amada Julieta, e em troca ofereço o meu coração!

— É você, Romeu Montecchio? – perguntou Julieta, incrédula.

— Nem Romeu nem Montecchio, se esses nomes não lhe agradarem – respondeu ele. – Chama–me de amado e serei novamente batizado!

Assim, Romeu e Julieta ficaram conversando e só se deram conta de que as horas haviam passado ao ouvirem a voz da ama chamando Julieta.

— Tenho de ir – disse Julieta, apressada – mas, Romeu, se você me ama a ponto de querer casar comigo, então me mande um recado dizendo onde e quando será a cerimônia. Enviarei a minha ama como mensageira às nove horas! Não esqueça, amanhã às nove! – e assim entrou apressada para o quarto, retirando-se da sacada.

Com olhos sonhadores, Romeu observava a janela iluminada e, suspirando, disse:

— Durma bem, minha amada! Vou agora ao mosteiro pedir ajuda ao frei Lorenzo. Ele
terá de nos casar amanhã mesmo, para a consagração da nossa felicidade!

SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Recontado por Bárbara Kindermann e ilustração de Crista Unzner. Tradução de Christine Röhrig. São Paulo: Casa das Letras, 2016. [Fragmento]

William Shakespeare
William Shakespeare

Nasceu em Stratford-upon-Avon, em 1564, filho de um comerciante bem-sucedido. Casou-se aos dezoito anos com Anne Hathaway, com quem teve três filhos. Estabelecido em Londres durante o reinado de Elizabeth I, produziria o grosso de sua obra entre os anos 1590 e 1613. É universalmente reconhecido como o maior dramaturgo de todos os tempos graças a peças como Macbeth, Ricardo III, Otelo, Rei Lear, entre outras. Suas peças investigam, expõem e aprofundam as motivações, os desejos, as ambições políticas e as mentiras que contamos para os outros e para nós mesmos – sem esquecer muitas vezes o lado cômico e patético da existência humana. Exausto, retornou à sua cidade natal por volta do ano de 1613, onde morreria, aos cinquenta e um anos, em 1616.