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Repertório sociocultural: Escravidão no século XXI

Apesar de a Abolição da Escravatura ter sido ratificada em 1888 determinando a extinção do trabalho escravo dos negros em nosso país, ainda hoje nos deparamos com diversas situações em que pessoas – negras ou não – são privadas de liberdade e obrigadas a trabalharem sem remuneração. Sendo esse um problema enfrentandado no Brasil, formas modernas de escravização podem aparecer na redação do Enem ou nos vestibulares dos próximos anos.

Considerando esse contexto, apresento abaixo uma seleção de Repertório Sociocultural sobre o assunto para que você estude a amplie o seu conhecimento.

1. Documentário: Precisão

Precisão é a palavra utilizada no Maranhão para definir a extrema necessidade de lutar pela sua sobrevivência. Vulneráveis sócio e economicamente, é por precisão que brasileiros e brasileiras acabam submetidos a condições análogas à escravidão. O filme retrata as histórias de vida de seis pessoas resgatadas dessas condições de trabalho.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Ministério Público do Trabalho (MPT) lançaram o filme em novembro de 2019, em São Luís (MA), como parte de um projeto de promoção dos princípios e direitos fundamentais do trabalho.

2. Filme: 12 anos de escravidão

Em 1841, Solomon Northup é um negro livre, que vive em paz ao lado da esposa e filhos. Um dia, após aceitar um trabalho que o leva a outra cidade, ele é sequestrado e acorrentado. Vendido como se fosse um escravo, Solomon precisa superar humilhações físicas e emocionais para sobreviver. Ao longo de doze anos, ele passa por dois senhores, Ford e Edwin Epps, que, cada um à sua maneira, exploram seus serviços.

3. Música: Fábrica

Fábrica é uma composição de Renato Russo, lançada no álbum “Dois”, da banda Legião Urbana, em 1986. É possível perceber nessa música uma crítica à pseudolibertação vivida na década de 1980, mas, como ainda vivemos em uma sociedade que explora mão de obra análoga à escravidão, ainda é ainda atual e pode ser referenciada nas redações.

4. Poema: O Navio Negreiro, de Castro Alves

O Navio Negreiro é uma poesia de Castro Alves que integra um grande poema épico chamado Os Escravos.

Escrita em 1870 na cidade de São Paulo, a poesia relata a situação sofrida pelos africanos vítimas do trafico de escravos nas viagens de navio da África para o Brasil. Ela é dividida em seis partes com metrificação variada. […]

O poema de Castro Alves é uma pequena narrativa sobre o tráfico de escravos entre a África e o Brasil. O elemento poético reside nas imagens e nas metáforas encontradas ao longo do poema, principalmente na quarta parte, onde a tortura dos escravos é descrita.

A beleza e a infinitude do mar e do céu são colocadas em cheque com a barbárie e a falta de liberdade nos porões do navio negreiro. Como se fosse incompatível toda a beleza do oceano com a escuridão que se passa no navio. Uma das características do poema é o universalismo. Quando a viagem é feita pela aventura ou pelo comércio, as bandeiras e as nações não são importantes. Elas só se tornam relevantes quando o objetivo da navegação é cruel.

A crítica do tráfico de escravos não impede o patriotismo do poeta. É o seu patriotismo que leva à crítica. A sua visão do Brasil como um lugar de liberdade e do futuro é incompatível com a escravidão. Mesmo sendo um liberal, Castro Alves não deixa de lado a religiosidade, clamando a Deus uma intervenção divina no tráfico negreiro.

FUKS, Rebeca. Poema O Navio Negreiro, de Castro Alves. Disponível em: <https://www.culturagenial.com/poema-o-navio-negreiro-de-castro-alves/>. Acesso em: 19 ago. 2021. [Fragmento]

5. Reportagem: Escravizadas dentro de casa: as histórias comoventes de três mulheres que foram libertadas da exploração dos patrões

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Uma vida de privações, com muitos deveres e nenhum direito. A reportagem especial do programa Fantástico (Rede Globo) mostra o drama de três mulheres vítimas de trabalho escravo doméstico e como foi o encontro delas com a liberdade.

6. Notícia: Trabalhador resgatado em situação análoga à escravidão vivia com família entre escorpiões e pó de calcário em fazenda

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Um trabalhador de 48 anos foi resgatado em situação análoga à escravidão, em Formosa, no Entorno do DF. Ele, a esposa e mais cinco filhos viviam entre escorpiões e pó de calcário de uma mineradora das proximidades. O defensor público federal Eduardo Tavares contou que a casa em que família morava estava em situação “degradante”.

“Uma casa que não tinha piso. Banheiro era de terra em um cercadinho de fora. Para piorar a situação, a 100 metros da casa tem uma mineradora de calcário que despeja uma quantidade imensa de pó. A casa ficava como se estivesse nevando”, disse o defensor.