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Ciência (também) se aprende brincando

Jogos digitais e analógicos, criados por universidades e instituições de pesquisa, são ferramentas promissoras para despertar o interesse pelo conhecimento científico, de forma lúdica.

Bola. Carrinho. Boneca. Patinete. Até pouco tempo atrás essas foram algumas das respostas de crianças à clássica pergunta: “O que você gostaria de ganhar no Natal?”. As tradicionais escolhas agora competem com action figures, tablet, videogame, celular. A velocidade de lançamento de produtos que atraem a atenção de meninos e meninas é tão vertiginosa que fica difícil prever qual será o preferido das crianças no ano seguinte. Mas qual o papel desses instrumentos de entretenimento no desenvolvimento infantil? Na era moderna dos brinquedos, caracterizada pelo apelo persuasivo da propaganda e do avanço da tecnologia, será que as crianças aceitariam propostas analógicas com conteúdo inovador?

Umas das maneiras de aprimorar a interação entre a produção científica e a população seria investir na comunicação de ciência nas escolas.

O desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social das crianças está diretamente associado a estímulos sensoriais (tato, visão, audição, fala etc.). As experiências lúdicas vivenciadas durante a infância instigam as diversas habilidades humanas, no esporte, na música, em variados campos. Atualmente, pais e educadores usam uma vasta gama de jogos e outras ferramentas lúdicas para entreter, ensinar e educar os pequenos. No entanto, um setor que tem sido relativamente negligenciado é o da educação científica.

Como comunicar ciência na escola?

Recentemente, a pesquisa O que os jovens brasileiros pensam sobre Ciência e Tecnologia? mostrou que eles têm grande interesse pelo tema, independentemente de gênero ou grupos sociais. Contudo, são evidentes a desinformação sobre o processo científico e a desigualdade no acesso ao conhecimento. Talvez a ineficaz comunicação entre pesquisadores e os outros setores da sociedade contribua para o agravamento desses problemas entre adultos. Umas das maneiras de aprimorar a interação entre a produção científica e a população seria investir na comunicação de ciência nas escolas.

O desafio é…

Aulas práticas de ciências, seja de química, física ou biologia, geralmente agradam à maior parte dos estudantes. No entanto, a infraestrutura disponível nessas instituições não permite o encantamento que a percepção experimental pode provocar. Por exemplo, ensinar microbiologia é um desafio em razão da micrométrica escala desses seres vivos. É um trabalho árduo, no qual se tenta explicar o invisível, fazer alunos compreenderem a incrível diversidade de tamanhos e formas dos microrganismos. Essa tarefa é ainda mais penosa para os professores brasileiros, uma vez que a maioria das escolas públicas não possui laboratório de ciências, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

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Os jogos, digitais ou analógicos, parecem ser uma abordagem promissora por desenvolver as habilidades do conhecimento lúdico, além de envolver questões científicas. Enfrentar desafios, tomar decisão, planejar estrategicamente, lidar com emoções e conflitos, apreciar outros pontos de vista são algumas das habilidades desenvolvidas, sem esquecer a principal: a capacidade de socializar e trabalhar em equipe.

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LYRA, Sidcley; ABREU, Fernanda. Ciência (também) se aprende brincando. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, 13 de ago, 2019. Disponível em: <https://cienciahoje.org.br/artigo/ciencia-tambem-se-aprende-brincando/>. Acesso em 25 nov. 2021. [Fragmento]