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As pombas

Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada…

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…

In: Benjamim Abdala Jr., org. Antologia da poesia brasileira – Realismo e Parnasianismo. São Paulo: Ática, 1985. p. 35.

Raimundo Correia

Raimundo Correia

Raimundo da Mota Azevedo Correia nasceu a bordo do vapor São Luís, na costa do Maranhão, em 1859, e faleceu em Paris em 1911, durante viagem para tratamento da saúde. Fez o curso secundário no colégio Pedro II e cursou Direito em São Paulo, ingressando na magistratura. Foi professor de Direito em Ouro Preto e diretor do Ginásio de Petrópolis. Secretariou a legação brasileira em Lisboa. Seu trabalho foi repetidamente publicado em antologias escolares, especialmente, o poema As Pombas.