Numa tarde, uma gazela encontrou um caracol. Chamou o bicho a um canto e disse-lhe:

— Caracol, você é incapaz de correr. Só te vejo se arrastando pelo chão.

O caracol respondeu:

— Que tal combinarmos um encontro aqui, no próximo domingo, e então eu lhe mostrarei do que sou capaz.

Durante o resto da semana, o caracol organizou cem folhas e em cada uma delas escreveu: “Quando a gazela chegar e gritar ‘caracol!’, você responderá com estas palavras: ‘Eu sou o caracol’”. Então, reuniu seus amigos caracóis e distribuiu as cem folhas entre eles, dizendo:

— Meus amigos, peço que leiam estes papéis. Assim, todos saberão exatamente o que fazer quando a gazela chegar.

Chegado o domingo, eis que a gazela surge no meio da praça, procurando pelo caracol que à desafiou. Este pedira que seus amigos se mantivessem escondidos durante todo o caminho por onde a gazela passasse. Os caracóis se separaram e cada um tomou um esconderijo no caminho que levava à floresta do outro lado do rio.

A gazela se aproximou do caracol e disse-lhe:

— Vamos correr! Vou te mostrar que caracol não faz nada além de se arrastar pelo chão! Você jamais conseguirá me alcançar!

O caracol, então, escondeu-se no meio de um arbusto qualquer, enquanto a gazela desandou a correr. E enquanto corria, ia berrando:

— Caracol!

Aconteceu que, para cada grito da gazela, um caracol respondia:

— Eu sou o caracol!

Mas graças às folhas de papel que foram distribuídas aos amigos do caracol, nunca era o mesmo que respondia aos chamados da gazela.

Sem compreender como um caracol era capaz de correr tanto, a gazela deitou-se no meio da floresta, cansada, e acabou morrendo por falta de ar. Declarado o campeão da disputa, o caracol venceu a corrida graças à sua esperteza.

Autoria desconhecida.